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Ir. Gabriel e o Santo Cura d’Ars

Os Irmãos da Sagrada Família estão na Paróquia de Ars desde 1849 e atualmente continuam o serviço iniciado no tempo do Santo Cura. 

Quando o Pe. Jean-Marie Vianney chegou a Ars (Ain) em 1818, a cidade ainda não era paróquia. Porém, muito em breve, graças ao seu santo Cura, ganhou notoriedade na França e além fronteiras. A paróquia de Ars viveu o período de recristianização após a Revolução Francesa.

O primeiro encontro do Irmão Gabriel com o pároco de Ars provavelmente ocorreu em 1837. O Irmão Gabriel narra esse encontro memorável: “Sempre acreditei que, quando ele me cumprimentou, me chamou pelo nome e, depois de me perguntar como eu estava, perguntou sobre o estado da pequena Congregação da Sagrada Família. “Mas, Sr. Cura, – respondi muito emocionado – como me conhece?” – “Oh, – respondeu ele com um gracioso sorriso – os amigos do bom Deus devem conhecer-se bem”. 

São João Maria Vianney convocou os Irmãos da Sagrada em 1849. O Irmão Gabriel enviou uma comunidade de três Irmãos para cuidar da direção da escola de meninos e da sacristia (a escola feminina era dirigida pelas Irmãs de São José).

Os Irmãos inseriram-se imediatamente neste contexto e nesta rede de relações para cumprir a sua missão de educadores e animadores da liturgia. Além de dirigirem a escola, colaboravam na sacristia e em outras atividades paroquiais, de acordo com a missão inspirada pelo seu carisma, e ajudavam a acolher os peregrinos. Pouco depois da chegada dos Irmãos, o Irmão Gabriel publicou o livro intitulado O anjo condutor dos peregrinos de Ars, que tanto incomodou o pároco por causa de alguns elogios que lhe foram feitos na introdução.

A sua condição de religiosos leigos, vivendo em comunidade, colocava os Irmãos numa posição privilegiada na paróquia e na cidade de Ars. No cumprimento da sua missão, desenvolveram simultaneamente atividades de caráter educativo que os colocaram em contato com as famílias, autoridades acadêmicas e civis, e atividades eclesiais que os colocaram, como homens de Igreja de hábito religioso, ao lado do Pároco e seu assistente, e em relação à esfera eclesiástica. Os Irmãos, por sua vez, encontraram em Ars a possibilidade de expressar todas as dimensões de seu carisma no frescor de suas origens.

Os dez anos que os Irmãos permaneceram em contato direto com o santo pároco foram uma experiência muito intensa que lhes permitiu colaborar em uma comunidade cristã dinamizada a extremos insuspeitados pela santidade de seu pároco. A sua presença cotidiana junto do Pe. Vianney e dos seus colaboradores levou-os a viver acontecimentos extraordinários, mas sobretudo a contribuir com a sua ajuda para a construção da comunidade humana e cristã de Ars na vida cotidiana, através da educação das crianças e dos jovens, da acolhida dos peregrinos, a animação das cerimónias litúrgicas e a atenção constante ao Pároco.

A sua inserção como comunidade religiosa na paróquia incorporou-os numa Igreja muito próxima da cidade e ao mesmo tempo aberta aos quatro ventos, capaz de oferecer a todos um caminho de conversão e santidade. A relação estabelecida através destes contatos pode ser descrita como “colaboração fraterna”, dada a simplicidade, imediatismo e espírito fraterno que teve de ambas as partes, apesar de alguns momentos de dificuldades.

O santo Cura faleceu em 4 de agosto de 1859. Após a morte do santo Cura, a comunidade dos Irmãos da Sagrada Família continuou sua vida e atividade em Ars, participando de seus principais eventos e situações, muitas vezes ligadas à memória do que todos consideravam um santo: o processo de beatificação e posterior canonização, a construção da basílica, a continuação das peregrinações, etc. Mas fez isso centrada nas suas atividades específicas: a tarefa educativa na escola da aldeia e no internato (construído pelos Irmãos por iniciativa do Santo), o serviço à igreja e o acolhimento dos peregrinos, que muito em breve também incluiu a visita à casa paroquial ou “Casa do Santo”, como logo foi chamada.

Até 1969 os Irmãos dirigiram a escola de Ars, quando esta foi confiada a educadores leigos sob a autoridade da tutela diocesana. A partir de 1980, os Irmãos da comunidade de Ars passaram a residir na casa do pároco e a integrar-se mais diretamente na equipa de acolhimento e animação pastoral dos numerosos peregrinos que visitam o Santuário todos os anos. Entre eles, o mais ilustre foi o Papa João Paulo II, que visitou Ars em 1986.

Atualmente a comunidade de Ars é formada por três Irmãos de Burkina Faso. As suas atividades decorrem na sacristia da basílica, na recepção dos peregrinos e na paróquia. O Superior da Comunidade é membro do Conselho Pastoral da paróquia de Ars e do Conselho do Santuário.

(Extraído do livro do Ir. Teodoro Berzal: Uma Colaboração Fraterna. São João Maria Vianney, Irmão Gabriel Taborin e os Irmãos da Sagrada Família em Ars. 2013.