O testamento espiritual do Irmão Gabriel Taborin
INTRODUÇÃO
Convém precisar que, além do Testamento espiritual, o Irmão Gabriel fez dois testamentos para dispor dos bens que legalmente lhe pertenciam a título pessoal como tal, pois, enquanto ele viveu, a Congregação que havia fundado não estava civilmente reconhecida na França e, portanto, estava incapacitada para possuir civilmente os bens.
– O testamento de 12-10-1836
O texto conservado na ASFB é muito breve, está escrito numa só folha e com uma caligrafia perfeita. Foi publicado junto com as Constituições e Regulamentos dos Irmãos da Sagrada Família de 1836. Para entender seu alcance há que colocá-lo em relação com os acontecimentos importantes da vida do Ir. Gabriel no período de Belmont: aquisição da casa, primeiras profissões, aceitações do superiorado por vida, etc.
O conteúdo do testamento tem uma grande coerência tanto do ponto de vista puramente administrativo quanto do da pobreza religiosa e de sentido eclesial. Mediante ele chegam os bens ao Instituto, e se este não os pode receber por não estar reconhecido civilmente, os deixa ao bispo de Belley. Há que notar também a preocupação do Irmão Gabriel por sua família. De una parte, mediante o testamento, evita que seus bens parem, em caso de falecimento, a seus herdeiros naturais, mas por outra parte, mediante uma cláusula final, destina uma pensão a sua mãe.
– O testamento ante o escrivão de 21-11-1864.
É um testamento com validez civil, feito ante o notário pelo Irmão Gabriel poucos dias antes de morrer, já numa situação de debilidade tal que não pôde sequer assiná-lo. Foi escrito e registrado em Belley em 24/11/1864 pelo escrivão Francisco Maria Ecochard.
O testamento está naturalmente redatado de forma profissional e nos termos jurídicos que correspondem. Mediante ele, o Ir. Gabriel destina uma pensão a seu irmão José Taborin, que vivia em Oyonnax, e deixa a totalidade de seus bens que ele possuía pessoalmente, ao não estar reconhecido civilmente o Instituto, conjuntamente ao vigário geral da diocese, Pe. João Claudio Buyat e ao Ir. Amadeu Depernex, vice superior. Anula também as disposições testamentárias anteriores.
A exclusão do Mons. De Langalerie pode ser interpretada como sinal das dificuldades nas relações com o bispo de Belley.
No texto do testamento, fora de seu conteúdo jurídico, há alguns detalhes muito interessantes sobre a situação do enfermo e a residência onde se faz o testamento que completam os dados oferecidos pelas Efemérides da casa mãe e outros documentos.
Há que notar também que as alusões a este testamento civil que figuravam no manuscrito Testamento espiritual, foram cuidadosamente eliminadas pelo Irmão Amadeu na edição impressa que deu a conhecer aos Irmãos.
– O Testamento espiritual
O Ir. Amadeu disse do Testamento espiritual do Irmão Gabriel que “é uma magnífica expressão de sua ardente caridade para nós e da fé viva que o animou toda sua vida” (Circular do 26-11-1864).
O manuscrito original compreende 8 páginas e está assinado pelo Ir. Gabriel Taborin em Belley com data de 25 de agosto de 1864. Existe uma dificuldade para compaginar a data e o lugar, já que segundo as Efemérides da Casa mãe, o Ir. Gabriel no dia 25 de agosto devia encontrar-se em Lyon.
O Ir. Amadeu deu a conhecer aos Irmãos o Testamento espiritual publicando-o a continuação de sua Circular do 26-11-1864 com que comunicava a morte do Irmão Gabriel e traçava um resumo de sua vida. Mas ao publicá-lo, omitiu alguns detalhes do manuscrito, em particular alguns dos que se referiam a seu possível sucessor.
Natureza e finalidade do documento
O mesmo Ir. Gabriel confirma que se trata de um testamento “espiritual”, para diferenciá-lo da disposição de bens. Desde as primeiras linhas, dado o tom que o autor adota, o leitor percebe que se encontra ante um documento de alta densidade espiritual:
O Ir. Gabriel expressa nele suas convicções mais profundas, oferece sua experiência de vida, declara as disposições finais em que se encontra e deseja transmitir a seus filhos espirituais o mais precioso de sua herança.
Na introdução indica qual é a finalidade a que se propõe: “para maior glória de Deus e com o fim de proclamar as graças de que o Senhor me tem cumulado e quais são as disposições em que me encontro com respeito à religião e a minha querida Associação”. Deseja, pois, entoar o último “Magnificat”, mas, sem abandonar sua condição de pai e superior do Instituto que fundou, quer também, como o expressa o subtítulo do Testamento, dar “os últimos avisos a sua comunidade”.
Estrutura e conteúdo
O testamento espiritual do Ir. Gabriel compreende:
– Uma introdução em que encontramos a solene invocação à Santíssima Trindade, à Sagrada Família e santos padroeiros. O autor expressa a finalidade do testamento e se apresenta como Fundador e primeiro Superior Geral do Instituto, manifestando as disposições em que se encontra para o fim de seus dias.
Três partes da mesma extensão.
Na primeira, predomina o sentimento de agradecimento: agradecimento a Deus pela vocação e missão lhe confiadas e agradecimento a aqueles que o tem precedido (seus pais, os Irmãos e todos os que o tem ajudado). Conclui declarando sua constante retidão de intenção e pedindo perdão.
A segunda se abre com a proclamação da adesão à Igreja e à fé, pela qual haveria chegado até ao martírio. Como os textos da liturgia dizem de São Martinho, o Irmão Gabriel faz ao mesmo tempo a oferenda de sua vida e manifesta sua disponibilidade para seguir trabalhando. Há um novo pedido de perdão, mas, sobretudo expressa, como santa Teresa de Lisieux, o desejo de dedicar-se desde o céu a fazer o bem na terra intercedendo incessantemente por todos, em especial por seu Instituto.
Na terceira, se dirige mais diretamente aos Irmãos: os apresenta a Deus e à Virgem Maria e lhes entrega a Regra de vida que tem traçado para eles com a recomendação de praticá-la. Depois de um breve inciso sobre sua sucessão, dá seus “últimos avisos” que se centram no amor recíproco e na prática das consignas sobre as quais sempre insistira, os chamados lemas da Congregação (humildade, graça, oração; Deus, Regra, Superior Cf. Novo Guia art. 22-29).
A conclusão da terceira parte e de todo o Testamento se faz em forma de oração. É a chamada oração pelo Instituto. Para entender o significado e a transcendência que teve para o Irmão Gabriel essa experiência de oração há que acudir ao Novo Guia onde no art. 531, depois de dizer que deve ser estimada por todo bom Irmão da Sagrada Família, o Irmão Gabriel revela sua origem: “Foi lhe inspirada durante o momento da elevação a um dos primeiros Superiores da Sociedade quando esta se encontrava em seus inícios”.
Ir. Teodoro Berzal
Belley 2004
TESTAMENTO ESPIRITUAL DE GABRIEL TABORIN,
SUPERIOR GERAL E FUNDADOR DA PIEDOSA ASSOCIAÇÃO
DOS IRMÃOS DA SAGRADA FAMÍLIA
E SEUS ÚLTIMOS AVIOS A SUA COMUNIDADE
Em nome da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, um só Deus em três pessoas.
Eu, Gabriel Taborin, fundador e primeiro Superior Geral da piedosa Associação dos Irmãos da Sagrada Família, cuja sede está em Belley, não sabendo quando chegará o momento de minha morte, mas considerando que me fica pouco tempo de vida e que se aproxima para mim o momento da eternidade, humildemente prostrado aos pés da soberana majestade de Deus, criador e conservador de todas as coisas e supremo juiz de vivos e mortos, depois de haver invocado com muita fé e confiança a ajuda do Espírito Santo, da Sagrada Família, Jesus, Maria e José, como também a de meu santo anjo da guarda e de meu santo padroeiro, faço o presente testamento para maior glória de Deus e com o fim de proclamar as graças de que o Senhor me tem cumulado e quais são as disposições em que me encontro com respeito à religião e à minha querida Associação. Tenho dividido este testamento em três partes.
I. Posso testemunhar com profundos sentimentos de agradecimento que tenho tido a satisfação de ser filho de pais cristãos, que me criaram seguindo os princípios da religião. Eu lhes agradeço de todo coração e peço a Deus que os recompense por isso no céu, onde tenho a doce e consoladora esperança que se encontrem e para onde espero ir a acompanhá-los como também aos Irmãos da Sagrada Família que me tem precedido na tumba e no juízo de Deus.
Declaro que desde minha adolescência senti uma inclinação muito especial para a vida religiosa. Minha única aspiração era chegar ao momento em que teria a oportunidade de consagrar-me a Deus nesse estado. Uma vez religioso, eu teria certamente que haver sido o último numa comunidade, dada minha indignidade, meus poucos talentos e minha escassa ciência. Nunca pude imaginar que a divina providência, na que sempre tenho tido a maior confiança e que sempre me tem ajudado de maneira palpável, tivesse escolhido um instrumento tão fraco para fundar uma Congregação religiosa, que o Soberano Pontífice se dignou aprovar, e para conduzi-la, com a ajuda de Deus, à situação em que hoje se encontra. Toda a glória pertence a esse Deus de bondade a quem agradeço humildemente por haver-me confiado tal missão. É verdade que me deu uma poderosa ajuda na pessoa do ilustre e venerável bispo de Belley, Mons. Devie, de gloriosa e santa memória, que tem sido nosso pai segundo Deus e cujos sábios conselhos foram para mim como mensagens inspiradas.
Declaro também que desde minha infância até hoje, o Senhor se tem dignado cumular-me de inumeráveis favores. Por infortúnio é possível que não tenha correspondido sempre a isso; humilho-me profundamente ante ele e lhe peço sinceramente perdão, rogando-lhe que mais considere minha debilidade que minha malícia. Se me fosse dado viver ainda algum tempo depois de escrever estas linhas, lhe suplico que continue dando-me até o último suspiro as graças que sempre me tem dispensado, tanto na ordem espiritual quanto material. Prometo, desde o mais profundo de meu coração, ser menos indigno delas que até agora: esse é meu maior e mais sincero propósito.
Agradeço muito a todos aqueles de quem sou pai e Superior em religião, pela paciência e benevolência com que tem suportado meus defeitos e por haver-me mantido tanto tempo como Superior. Peço-lhes, como também a todos os que me tem conhecido e com quem tenho vivido, que perdoem as faltas que terão notada em mim.
Creio haver tido sempre intenções retas e puras em meus projetos e em meu comportamento; mas se algo tivesse existido de defeituoso aos olhos de Deus neste aspecto, rogo-lhe que me perdoe.
II. Desejo morrer na religião católica, apostólica e romana, a que sempre me tenho sentido profundamente unido, como também ao Soberano Pontífice. Durante toda minha vida tenho aceitado de todo coração quanto ela ensina.
Confesso ante o céu e a terra que nunca tenho tido dúvidas contrárias à fé. Tenho amado sempre com todo meu coração nossa santa religião e tivesse vertido por ela meu sangue se alguma circunstância me tivesse obrigado a isso. Tenho observado sempre que sem a religião o homem não pode ser feliz nem nesta vida nem na outra e que fora de seu seio não há salvação.
Ofereço com gosto o sacrifício de minha vida por amor a Deus e em expiação de meus pecados. Deixarei a terra sem pesar, porque está cheia de miséria e de pecado, e porque não é mais que um exílio que nos separa de nossa verdadeira pátria. Exorto igualmente a nossos bons Irmãos a desprender-se deste mundo e a aspirar unicamente a Santa Sião, morada dos eleitos.
Dou-me conta de que me estou convertendo num servidor inútil. Mas isso Deus, cujos desígnios nos são desconhecidos, quer manter-me ainda por algum tempo nesta vida, lhe digo com São Paulo: Senhor, não recuso o trabalho. Queira ele que somente tenha trabalhado por sua glória e para minha salvação! Esse era o fim para o qual fui chamado à vida religiosa.
Quando Deus queira retirar-me deste mundo, lhe rogo insistentemente que, pelos méritos de seu adorável Filho e dos da Santíssima Virgem, me perdoe os pecados que a fragilidade humana me tem levado a cometer. Peço-lhe que acolha minha alma com misericórdia, depois de haver sido fortalecido com os sacramentos da Igreja, os quais eu desejo receber antes de encontrar-me na última agonia, para que produzam em mim as abundantes graças que eles levam consigo quando são recebidos com santas disposições.
Peço perdão com toda humildade a todos os membros de minha Comunidade, como também a aqueles que tenham podido ofender ou escandalizar de qualquer modo. Por minha parte perdoo de boa vontade a todos os que me tenham ofendido e a aqueles que tenham podido fazer-me algum dano.
Ponho minha alma e minha salvação entre as mãos de Deus, meu criador e meu último fim. Quanto a meus restos mortais, desejo que sejam confiados à terra com as cerimônias costumeiras na Igreja e seguindo as regras e usos estabelecidos na Associação da Sagrada Família para a sepultura de seus membros.
Desejo que imediatamente depois de meu falecimento, o Irmão Vice-superior da Associação, de acordo com o Conselho da Casa Mãe, notifique minha morte a todos os meus queridos Irmãos da Sagrada Família, lhes dê a conhecer o presente testamento e lhes mande que rezem pelo eterno descanso de minha alma, como está prescrito no capítulo 26 de nossa senta Regra.
Se Deus me dá a graça de ir ao céu, não esquecerei no descanso da glória eterna a querida Comunidade da Sagrada Família nem a aqueles que têm sido meus protetores e benfeitores. Tampouco esquecerei a meus parentes e amigos. Rezarei também por meus confessores e por aqueles que têm sido meus Superiores na terra. Da mesma forma rezarei pela França, minha querida pátria, e pelo povo que me viu nascer. Estas são minhas intenções. Peço a Deus poder realizá-las na morada dos bem-aventurados. Oxalá que minhas ações possam merecer-me tal felicidade. Assim o espero também da proteção da santíssima Virgem, em quem sempre tenho tido grande confiança e a quem tenho professado uma devoção muito especial. Rogo-lhe que me assista quando a morte cerre meus olhos.
III. Entrego a Deus e consagro a Santíssima Virgem os Irmãos da Sagrada Família dos quais o Senhor tem querido que seja o pai e Superior.
Deixo em herança a esses dignos filhos, tão queridos todos para mim, o Guia dos Irmãos da Sagrada Família com as Regras que Deus me tem inspirado para eles. Recomendo-lhes que as pratiquem com grande fidelidade porque nelas encontrarão a vida e a felicidade. Se eles se desviassem das mesmas, prontamente perderiam o espírito de seu estado de vida e se exporiam também a perder sua santa vocação. Nesse caso, em lugar de fazer o bem que com razão se espera deles, fariam unicamente o mal e se perderiam. Ofenderiam, além disso, ao Deus bondoso que, como a mim, lhes tem cumulado de graças, sobretudo separando-os do mundo, onde existem tantos perigos para a salvação.
E quando Deus me tenha levado deste mundo, mostrando assim que as rédeas da Congregação devem ser confiadas a outras mãos, os membros do Capítulo elegerão o antes possível outro Superior, que seja segundo o coração de Deus e que possa terminar e aperfeiçoar o que eu tenho começado com tantos sofrimentos e lutas, sem haver-me por isso desanimado, graças a ajuda de Deus. Recomendo-lhes que respeitem a seu novo Superior e que o considerem como seu pai e seu melhor amigo.
Para não influenciar sobre o voto de ninguém e para não ir contra a Regra, não nomeio a meu sucessor. Convido, contudo, aos Irmãos da Associação que, por sua posição estão chamados a escolhê-lo, não decidam nada sem consultar a Deus por meio da oração e também ao bispo de Belley.
Rogo ao Senhor que meu sucessor repare minhas deficiências; que faça o que eu não tenho podido ou não sabido fazer; que mantenha intactas nossas Regras e as faça praticar; que seja um bom pai para com todos, que seja homem de fé e que com frequência convide a nossa querida Comunidade a rezar por meu eterno descanso.
Recomendo a todos os Irmãos, pelo amor e interesse que sempre lhes tenho tido, que se amem mutuamente durante toda a sua vida e que se estimulem ao bem uns aos outros. Quanto desejo, como tenho tido a ocasião de expressar muitas vezes, que se mantenham todos constantemente humildes, em estado de graça e que sejam homens de oração, que amem e estimem acima de tudo a Deus, a sua Regra e a seu Superior! Recomendo-lhes que estimem de maneira especial a pureza, a obediência e a santa pobreza; que sejam perseverantes em fazer o bem e em sua santa vocação; que sejam pacientes nos sofrimentos da vida e que saibam suportá-los com resignação, a exemplo de nosso divino Salvador. Recomendo-lhes também, como grande meio de santificação, que pensem frequentemente em suas últimas coisas, que odeiem o pecado e façam odiá-lo. Exorto-os a amar as crianças em Deus e por Deus e a educá-los com santo entusiasmo, sobretudo ensinando-lhes os princípios de nossa formosa e santa religião e a amar a virtude; Exorto-os também a dar-lhes sempre bom exemplo.
Recomendo-lhes igualmente que tenham o maior respeito aos ungidos do Senhor e aqueles que tenham autoridade sobre eles.
Recomendo-lhes finalmente que sejam o apoio fiel e constante de sua querida Congregação, cumprindo sua missão com piedade e zelo, honrando-a com seu bom comportamento e levando por toda parte o bom odor de Jesus Cristo.
Ao terminar este escrito, que é meu verdadeiro testamento espiritual, feito de meu punho e letra, rogo ao Senhor com toda humildade que lhe seja agradável e que me conceda a graça insigne de morrer com a morte dos justos para que, quando minha alma saia deste mundo, viva em Deus e me sejam perdoadas, por sua infinita misericórdia, todas as ofensas cometidas.
Sei que para obter a graça de uma santa morte, há que preparar-se cuidadosamente com uma vida santa, sobretudo morrendo a si mesmo. A isso penso dedicar-me durante todo o tempo que me resta ainda nesta terra. Quero morrer a meus sentidos, a minhas paixões, a minhas más inclinações e a tudo o que pudesse entristecer-me no dia de minha morte.
Jesus, soberano juiz de vivos e morte, neste momento estarás ante mim para julgar-me. Mas agora és ainda meu Salvador e meu Pai. Tende piedade de minha pobre alma que eu quero salvar. Prepara-me tu mesmo a apresentar-me um dia diante de ti, isso te peço humildemente. E tu, Virgem imaculada, divina Maria, Mãe de Deus, protege-me sobretudo nos últimos momentos, nos quais se decide minha sorte eterna.
Senhor todo-poderoso, Deus de Israel, escuta a oração que te dirijo pela querida Congregação que me tens confiado e que eu ponho agora entre tuas mãos. Faz que seja tua obra e não a minha; protege-a, cuida dela em todos os tempos e em todos os lugares; não a abandones ao poder dos inimigos; socorre-a continuamente em suas necessidades e faz que sob tua mão protetora procure sempre tua glória. Mostra-te propício, Deus meu, a todos os Irmãos e noviços desta querida Sociedade; derrama sobre cada um deles tuas graças abundantes; aumenta neles a fé, a esperança e a caridade; inspira-os a ter um vivo horror ao pecado e um sincero arrependimento de quantos tenham cometido, dos quais eu pudesse ser a causa por meus maus exemplos ou por minha falta de vigilância; faz que tenham em horror o vício, que amem sua vocação e lhe sejam fieis, que vivendo assim se santifiquem e trabalhem por santificar aos demais; faze-os a todos felizes nesta vida e na outra. Esta é a oração que te dirige, Deus meu, com o maior ardor o mais pobre dos religiosos e o mais indigno dos Superiores. Escuta-a, Senhor desde o alto trono de tua divina majestade e abençoa a aqueles pelos quais humildemente a tenho dirigido. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Assim seja.
Assinado
IRMÃO GABRIEL. Superior Geral
Belley, em nossa Casa Mãe, em25 de agosto de 1864.
Para outros detalhes sobre a composição do texto Cf. Positio pp. 813-814.